segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Recomeçando em Londres: Leaving the Comfort Zone.

Recomeçando em Londres: Leaving the comfort zone.

Ps: 3 anos depois vi que esse artigo estava sem publicar.. muita coisa mudou de lá pra cá e em breve eu atualizo tudo que aconteceu!  

Ok, passaporte na mão, National Insurance Number,  conta no banco e studio alugado, tudo conforme  planejado e realizado dentro do meu cronograma. (quem precisar do passo-a-passo só mandar uma mensagem). Londres linda, bela, passeios, corridas matinais...  mas chega a hora do mais importante: TRABALHAR!  Afinal, as contas não se pagam sozinhas e é o trabalho que dignifica o homem.
Primeiro passo: Atualizar e traduzir o curriculum. Meu curriculum é bom, tenho formação na área, MBA, e experiência de 13 anos na área, sendo os últimos 11 na Accor e minha última posição como gerente geral responsável pela abertura do primeiro ibis Styles das Américas.

Meu primeiro perrengue foi a minha insegurança em relação ao meu nível de inglês. Eu estudei inglês quando adolescente  e sempre utilizei no trabalho, mas nunca o classifiquei como fluente, no máximo um avançado. Chegando aqui na terra da rainha vi que o sotaque dos ingleses (irlandeses e escoceses em especial) pode fazer o inglês parecer algo completamente diferente das fitas do CCAA! Meu amigo inglês com quem morei no primeiro mês também me fez acreditar que eu não sabia falar inglês, isso só aumentou minha insegurança e medo. O trauma somente passou depois que comecei a fazer entrevistas, eu já chegava pedindo desculpas pelo meu inglês por qualquer erro ou coisa que poderia vir a falar errado e todos os recrutadores sempre me falavam que meu inglês estava bom, principalmente pelo fato de  ser recém chegado. Depois de um tempo notei que aqui tem gente de todos os cantos do mundo (chineses, espanhóis, portugueses, italianos, indianos, franceses, etc) e que a grande maioria fala com sotaque e também comete vários erros gramaticais. O que aprendi foi o seguinte: não tenho medo de se comunicar, no começo vai rolar muitos erros mas faz parte do aprendizado e com o tempo você vai se acostumando e se sentindo mais seguro.

Por onde começar?

Eu me cadastrei em todos os sites de empregos aqui de Londres e passava dias aplicando para vagas em hotéis, tem muita coisa aqui e isso me fez perder um pouco o foco. Também enviei meu Curriculum para uma amiga londrina que trabalha na area de eventos de um grande banco inglês e ela o encaminhou para os principais hotéis de luxo aqui de Londres.
Meu primeiro trabalho foi em um pub perto de casa,  estava passando na frente, vi o anuncio da vaga e enviei meu Curriculum, mesmo dia o gerente entrou em contato e me ofereceu um trail. Passei no teste e aceitei a vaga, era part time, do lado de casa e uma boa oportunidade de praticar inglês. Foi uma experiência ótima, em uma semana eu já ficava sozinho, abria e fechava o pub! O gerente me ofereceu a possibilidade de ser assistente dele mas não aceitei pois meu foco sempre foi voltar para hotelaria.

Fiz mais algumas entrevistas ( passei em algumas) e acabei optando por trabalhar na recepção de um hotel de luxo que vai abrir em um bairro super cool aqui de Londres. Ae você me pergunta: Mas Rafa, você era gerente geral e agora será recepcionista? Yes! resolvi sair da zona de conforto e ir para a hotelaria de luxo, cheia de serviços e de um produto super novo e aguardado aqui em Londres. De hotelaria econômica eu já sei bastante e acho que está na hora de conhecer e ter experiência na hotelaria de luxo, também achei o projeto super legal: hotel de luxo mas com muito estilo e personalidade, super integrado com a região que está inserido e com muito design, arte e inovação.

Foi fácil? Nenhum pouco, foi fucking difícil! Culturalmente, nós brasileiros adoramos massagear nosso ego. Falar de boca cheia que é gerente de hotel, entregar o cartão de visitas, ouvir: nossa, mas você é tão novo, já gerente? E ae, de repente você se vê recomeçando do zero,  a mesma posição que você ocupava 12 anos atrás e realmente pegando no passado.

Aceitei encarar o desafio, um step down para aprender algo novo e sair da minha zona de conforto.
Em breve lhes conto como será esse novo desafio!



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017


A Evolução do REVPAR


Saiba mais sobre a evolução do Revpar e melhore seus resultados!




Ainda me lembro quando se popularizou o conceito de Revenue Management (palavra chique né?) no Brasil. Havia pouca informação  e os workshops sobre o tema eram disputadíssimos. Hoje o conceito é mais básico em nosso cotidiano e aplicado a vários outros segmentos (até a manicure.. ops, nail bar, aplica o conceito de RM). 

A origem do  Revpar


Em um mercado de constante mudança como o hoteleiro, a oferta e demanda podem mudar completamente  de um dia para o outro. O Revenue Management se desenvolveu devido essa necessidade de entender e agir de acordo com esses movimentos e variações.

Então, vamos dar uma olhada nos 3 principais indicadores utilizados para medir o desempenho de um hotel:

Diária Média (DM): Receita diária média por quarto ocupado.
Ocupação: Número de UH’s ocupadas em um determinado momento (medido em %).

No passado, muitos hotéis definiam altas taxas de ocupação ou DM como metas a serem atingidas. Mas, com apenas essa análise ignoravam aspectos importantes para a performance do negócio e por isso, alguns anos atrás o RM introduziu o conceito de REVPAR.

Ps: Me lembrei agora de um episódio que ocorreu  10 anos atrás, quando eu era chefe de recepção e meu gerente me chamou para contar a grande novidade: “agora eles querem saber é do Revpar, esse foi o tema do ultimo encontro de gerentes”.  Isso apenas 10 anos atrás, vejam o quanto as coisas mudaram nesses últimos anos!

REVPAR: indiscutivelmente o indicador mais importante para medir o desempenho de um hotel. Fornece informações relevantes sobre a receita por UH disponível utilizando a relação entre as tarifa aplicada e a taxa de ocupação.

Métodos para calcular o REVPAR (sei que todos já olham isso nos relatórios gerenciais, mas é bom saber calcular né?!).


DM X OCC

Ou

Receita de hospedagem/UHs disponíveis


 

Vamos para os cálculos:


Como exemplo vamos imaginar um hotel com 100 apartamentos, dos quais 60 estão alugados em um determinado dia, gerando uma receita de R$4.200

Dividindo a receita pelo número de quartos vendidos (4.200/60) , temos um DM de 70 e uma ocupação de 60% (60/100). Então, pegando a primeira fórmula (70 * 0,6) ou a segunda (4.200/100), chegamos ao Revpar de R$42,00.

Limitações do Revpar


Com o RM, sempre foi utilizado o REVPAR como o indicador mais preciso para medir o desempenho do hotel. Também é utilizado para comparar resultados em determinado Market share. No entanto, se analisarmos com mais cautela, existem limitações que são de grande relevância.

Exemplo:
Hotel com 50 UHs.

1 -  50 UHs vendidas por R$20,00
2 -  5 UHs vendidas por R$200,00

Em ambos os casos, teremos uma receita de R$1000 e um Revpar de R$20. Então, se temos o mesmo revpar, isso significa quem em ambas as situações teremos o mesmo resultado líquido (NOI)?

Infelizmente não, o Revpar não leva em consideração o custo por apartamento ocupado e também a receita adicional por quarto vendido.

TREVPAR


Como podemos ver, o Revpar não é o indicador mais preciso para o sucesso financeiro do hotel. Nesse contexto, a especialista Ira Vouk introduziu o conceito de TREVPAR (Total Revenue per available Room) e ARPAR (Adjusted Revenue per Available room).

TREVPAR: Analisa todas a receitas do hotel, incluindo: Bar, Restaurante, Room Service, Diversos, etc.

TREVPAR: Receita Total/Número de UH’s disponíveis.

Infelizmente, o TREVPAR não considera os custos do apartamento ocupado, que são importantes para um real entendimento dos resultados do hotel.

ARPAR

No entanto, o ARPAR pode nos fornecer dados mais preciso sobre os resultados do hotel. Sua fórmula pode ser calculada de diversas maneiras (importante saber o custo por UH ocupada), segue abaixo uma maneira simples para calculo desse indicador:

ARPAR: DM – custo variável por UH ocupada + receita adicional por UH ocupada x OCC


Voltando ao nosso exemplo:

Exemplo: Hotel com 50 UHs.

1 -  50 UHs vendidas por R$20,00
2 -  5 UHs vendidas por R$200,00

Como vimos antes, em ambos os casos o REVPAR é de R$20.00. E o ARPAR?

Para o exemplo, vamos considerar os seguintes indicadores:
- Custo variável por UH ocupada: R$10,00
- Receita adicional por ocupada: R$5,00

Caso 1: (R$20,00 - R$10,00  + R$5,00) * 1 = R$15,00

Caso 2: (R$200,00 – R$10,00 + R$5,00) *0,1 = R$19,50

Nesse exemplo, pudemos notar que a situação 2 é mais rentável para o hotel. Claro que este é apenas um exemplo. O ARPAR irá variar dependendo do custo variável por apartamento ocupado e também da receita adicional por apartamento ocupado. Além disso, também é importante considerar o percentual de comissão e a quantia de reservas diretas, o que irá afetar diretamente os resultados do hotel.

Podemos concluir que o gerenciamento de receitas do hotel está cada vez mais complexo e que devemos nos munir de todas as ferramentas  e recursos  para análise e maximização de resultados. Gestores devem estar atentos à vários fatores para garantir a melhor rentabilidade do hotel.


Leitura complementar: http://i-rates.com/revpar.php

domingo, 13 de novembro de 2016

Mudando de assunto,  Itália e cidadania italiana. 



Pois bem, decidi vir para Itália e tirar minha cidadania italiana, meus 4 bisavós são italianos, então bora tirar esse passaporte vermelho! Juntei toda a documentação, fiz minha malinha e aqui estou! Durante todo esse processo eu terei muito tempo livre, por isso vou compartilhar aqui no blog um pouco dessa experiência. 

Eu estou em cidadezinha do norte, chamada Conegliano. Estou aqui pois ela é vizinha da cidade onde meus antepassados nasceram e eu precisava pegar uns documentos lá. Aqui faz um super frio, agora mesmo está fazendo 7 graus! Conegliano é bem pequena, a população é de aproximadamente 35.000 pessoas e acho que grande parte vive afastada da cidade. O hotel que estou é o Cittá Conegliano, super vintage (para não dizer antigo).. Rs

Pinidello e Cordignano


Começo minha saga indo para a igreja onde meus bisavós se casaram, a paróquia de S. Stefano de Pinidello. Já me impressiono pela paisagem, casas antigas e lindos parrerais, fiquei  imaginando meus antepassados vivendo ali, muito legal. Chego na igreja e dou com a cara na porta, estava fechada e não tinha ninguém nem perto para me socorrer! Liguei para o telefone que tinha no site e o padre atendeu, óbvio que ele não falava inglês e eu quase nada de italiano..rs. O pouco de italiano que eu não falo, consegui entender que ele estava na igreja de Cordignano e que eu deveria ir até lá, pois lá que ficavam os registros. Coloco o endereço no google maps, 3 km., bora fazer o exercício matinal e caminhar até lá! 
                                                              Igreja onde meus bisavós casaram! 

Parlando o italiano que io no parlo!

Cheguei lá e o padre foi super gente boa, viu o ano do casamento (1914) e me disse que o registro não estava lá mas sim na igreja de onde eu tinha acabado de vir! Ele me colocou no carro dele e voltamos para lá, ele abriu uma casa ao lado da igreja, chamou um morador que é voluntário e em 2 minutos eles estavam com o livro onde constava o registro de batismo e de casamento do meu bisavô e da minha bisavó. Confesso que me emocionei ao ver o registro, aquele papel super antigo e a letra desenhada, muito legal! Eu queria uma certidão de casamento atualizada, mas o padre não tinha um modelo impresso de certidão de casamento e utilizou um modelo de batismo, onde colocou uma anotação de casamento (espero que sirva)!

Peguei a certidão e falei ao padre que eu precisava voltar Cordignano, também queria ir na Comune. O padre ainda me deu uma carona de volta. Olha, com esse padre eu gastei todo o italiano que eu não tenho, falamos sobre Foz (ele já esteve lá), sobre Paraguai, Brasil, Rio e até sobre churrasco! Imaginem só como foi essa conversa.. Rs

Fui na comune e a responsável lá me mandou aspetar (esperar)! Aspetei.. aspetei.. aspetei e depois de mais de uma hora, ela decidiu me atender. Disse que o registro civil desse casamento havia se perdido nos tempos de gerra e que não tinha nada que ela poderia fazer! Ela foi simpática e solicita, falei para ela da importância desse documento e ela novamente pegou os livros do período mas infelizmente não achou nada. Expliquei que o documento era importante para o meu processo de cidadania e ela fez uma anotação na minha solicitação explicando que não havia o registro no cartório e que eu deveria buscar o religioso. Foi muito solicita e se colocou a disposição, disse que caso eu tivesse algum problema no processo de cidadania o oficial poderia  lhe telefonar que ela confirmaria que não tem o registro lá. 

Nessa hora (já era meio dia) eu estava morrendo de frio e fome, para completar o baile ainda começou a chover e eu não tinha guarda chuva, mas eu tinha que ir até uma cidade vizinha chamada Vittorio Veneto, lá que fica a diocese da região onde eu reconheceria a firma do padre na certidão. Embarquei num busão, cheguei na igreja e estava fechada, era 13H e ela tinha fechado as 12H. Que raiva e que vontade de chorar, tive que passar mais 3 dias aqui em Conegliano pois só abre na segunda! 

Por enquanto estou "curtindo" e conhecendo um pouco de Conegliano e amanhã pela manha vou na Diocese fazer a curia. Se der certo, amanha mesmo já vou para Mantua, onde irei fazer o processo de cidadania. Depois eu conto mais aqui :)